segunda-feira, 17 de julho de 2017

Outrora, agora?
De: Amélia Luz
Para: Marina Gutman Tosta Paranhos.

“Autodefinição”, “Meu nome”, “Minha trilha”!
“Vento, vento”... “Passeio” pelas ruas da infância
Faço o “Poema da escadaria”,
“O quadro” é o mesmo
Nada muda no “Poeminha”
Guardado com carinho que retrata tímido
Minha “Cantiga de roda”.
Sinto-me menina com laçarote de fita,
Vestida de organdi rendado e meias  brancas.
Contadas histórias espiraladas trazem-me
Uma “Visage” de tantos sustos e espantos
Lembrando-me tradições e crendices do povo.
Deixo um “Recado a Gonçalves Dias”
No “Mapa da minha saudade”.
Vejo o colorido “Poema bordado à mão”
Na singeleza dos fios trançados e das cores,
Ponto a ponto, tecido por uma fada,
Em longas tardes de verão escaldante.
“Procuro-te” sempre, pai de tantas faces,
Onde angústias e alegrias eram expressas
Em silêncio e grande sabedoria.
Sinto o gosto das mesmas “Balinhas de hortelã”,
Sobre a penteadeira ou no bolso do paletó. 
Até “O sobrado” se ressentiu emudecido
Esperando escutar os seus passos de chegada.
E “O Anjo de Pernas Longas” em passos leves,
Ouvia curioso “Os sinos” da capela sempre nos chamar...
Lembrava-se da “Ladainha da Menina Carola”
A buscar socorro nas preces e na fé, repetidamente.      
O “Azul e branco” se enlaçava em bandos e alvoroços
Na Rua do Egito marcando tantas vidas.
O “Colégio Santa Teresa” abria as suas portas e portões
Escancarava os seus janelões pesados como de dissesse:
- Bem vinda mocidade! - Bem vindas Marinas tão meninas,
Cantem e bradem com orgulho da terra recitando,
“minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”,
O poeta as escutará de certo tendo cumprido o seu exercício de poetar.
E “Meu Pai” desfiava a minha e a nossa história
No exemplo que nos passou, calmamente.
“O poema nosso de cada dia” enfeitiça-nos,
“O poder da palavra” enche os corações embriagando nossas almas.
“Para o amigo na contramão”, aquele que nos surpreende,
Cochicho perdas e ganhos “Como se fosse o amanhã”
Ou “Como se fosse ontem”, numa retorno
Ao passado e a um mundo que não se esquece.
Para preservar ricas memórias deixo “O Diário I”,
Com flores ressequidas em suas páginas amarelecidas.
E Luiz vagarosamente o folheia relendo cada registro, romance.
O tempo passa “O Diário II” testemunhará
O agora ou também o outrora, nem sei bem,
A recordação independe de passado e presente (amálgama),
Somente nos faz mais felizes ao reviver em plenitude
Lugares, pessoas, acontecimentos assim contados,
Por lábios santos que se calaram um dia, inesperadamente!
Dialogo com “Luísa ou Larissa”/ “Larissa ou Luísa”?
Como a vida é curiosa! Entremeio-me nelas, agora...
Elas continuarão os meus mesmo passos de outrora em outras trilhas
Que as esperam no ritmo dos passos de várias gerações
Que se encontram na continuidade e no amor infinito.
“No restaurante Degrau” prosa e verso e Pessoa inquieto
A nos observar com o seu olhar desafiante.
Descubro enfim a liberdade fora das amarras da sintaxe.
Eu acabo escrevendo, sóbria, o “Poema Delinquente”!
Nem me importo com “O verso que não escrevi” !
Sou simplesmente “A Marina”, menina ou mãe?
Adolescente ou universitária? Professora ou esposa?
Avó ou poetisa viajante a gerar meus versos?
Depois de tudo, em regresso, a minha Luísa neta,
De outro cômodo da casa me chama, “Minha Avó”.
Então me dou conta, vivi! Vivi!

Poema com os títulos dos poemas do livro “OUTRORA, AGORA?” – de autoria da Dra. Marina Gutman Tosta Paranhos.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

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