segunda-feira, 24 de julho de 2017

 BICHO MINEIRO

Amélia Luz


Mineiro é bicho manso,
Domesticado, bicho de paz.
Depois de um dedo de prosa
Aquieta, acalma o tom da voz,
Cofia pensativo o bigode,
Contando causos e se satisfaz!
Sossegado, pausado,
Fica alegre, espicha a conversa,
Sem muita pressa,
Buscando argumentos distantes
Para a seqüência exata da história.
Mineiro é bicho manso,
Bicho de muita paz,
Prudente, segue adiante, confiante,
Sem ganância ou maldade,
Apostando sempre na sua lealdade...
Marca a sua vida, curiosamente,
Pela sua aguçada astúcia,
Desconfiado e temeroso,
Ao lidar com o desconhecido.
Preso pelas montanhas,
Misteriosas de Minas,
Garimpa ouro e acha a liberdade
No gene hereditário dos inconfidentes.
Conquista a quietude natural
No exercício costumeiro da observação.
Mineiro é bicho manso, bicho de paz,
Fala em silêncio com o olhar
Descobre minúcias com o coração
Sem nunca deixar se enganar.
É um fingidor dissimulado,
É um poeta inspirado,
É sobretudo, humilde e corajoso,
Dono das suas próprias convicções...
Na verdade, o mineiro, é como Drummond,

Espia por cima das montanhas...



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