domingo, 25 de abril de 2021

 

MODELO

 

 

Ver-te singela, da arte para a arte,

No aconchego do meu atelier.

Entre luzes, tintas e telas,

Tua nudez, assim tão bela.

Desnudar o teu corpo de Vênus

Na percepção de cada linha,

Entre retas e curvas generosas.

Transportei-a para o quadro

Em mágicas pinceladas.

Embriaguei-me da tua beleza

Musa-senhora, rainha!

Entre horas não percebidas,

Trabalhei artista a tua imagem.

Emoções múltiplas!

Sinto-te presa minha,

Dono da tua ingenuidade

Esbanjando o enigma da mocidade!

Mistura homogênea que és

Da carne-pó em alma pura,

Com olhos de estranha ternura

Em presença ali, tão perto.

Despertado é o desejo de possuí-la!

Entre os limites da arte e da vida

Percebo o silêncio que nos cobre

Ao expor a nudez ameaçadora do teu corpo,

Transformando os meus sentimentos.

Então te toco em miragem,

Misturando loucura e razão

Esmiuçando tuas formas plenas de beleza.

Suplico-te assim o teu perdão,

Arrependido de tal pecado.

Perdoa-me o olhar insano,

E o meu proceder mundano!

Quero ver-te imaculada,

Ajoelhada no altar da Virgem,

Santa mulher, anunciando fé,

Na sublime oração de cada dia!