segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DANÇA COM TEMPO


Amanheci em alegre alvorada
Cantei cirandas de roda
Pulei amarelinha
Fui bruxa, fada e rainha...
Acordei assustada ao meio do dia!
Sorvi da taça da solidão
Bebi o fel da razão
Girei mundos profundos
Teci momentos de dor
Nas luas de março
Onde contava meus janeiros,
Descobrindo assim, a maturidade!
Hoje, crepúsculo sou, fixa na mesma janela...
Não percebi o tempo-punhal, fatal,
Que sorrateiro, me levava!





DUELO


O homem duela
com o seu mundo interior
travando batalhas sangrentas.
Duela com o cosmos
com o uno, com o complexo
com o momento passageiro
ou com o eterno inexplicável
diante da sua insignificância...
Ser e Estar debatem-se
em conflitos e turbulências...
Eu fui alguma coisa que se perdeu
inesperadamente dentro de mim
dando-me a condição de Estar.
Avalio-me, sinto-me ameaçado,
nas novas crenças e propósitos.
Encolho os ombros, abro-me para a vida,
sou lobo ou cordeiro, anjo ou feiticeiro,
folha minúscula ou árvore frondosa
entre podas e ramagens viçosas...
A mudança faz parte do Ser
que é movimento multifacetado
de influências e riscos diversos.
Eu duelo se Estou, grito, cresço, manifesto...
Martelo o Sou, calo-me na concha
solitário,  metamorfoseando-me...
Saio para a caçada jovem, Estando,
- sou o avatar de mim mesmo –
volto velho e enxovalhado, sobretudo Sendo...
Ninguém é totalmente “o sou” intocável,
sempre caça, luta e aprende.
Estando duvida e questiona
perdido em lucidez e enganos incontáveis...
Mas modifica-se nas suas relutâncias,
até o minuto que antecede a sua morte.
Porque também a morte, o que é afinal?
É passagem, é passagem,
É mudança para o desconhecido!!!