quarta-feira, 1 de julho de 2015

ERA  DOMINGO

Amélia Luz – Pirapetinga/Minas Gerais

Era domingo de festa,
peguei o meu tamanco faceira
pus uma flor nos cabelos
coloquei meu vestido vermelho
perfumei-me com água de cheiro
passei “rouge” e pó de arroz.
Pintei os lábios de carmim
debrucei na janela da vida
olhando a estrada comprida
e  tu nem te lembraste de mim!
Enfeitei de sonhos o meu coração
escrevi teu nome na palma da mão
esperei que chegasses de surpresa
que me tomasses como tua presa
e me levasses no teu cavalo alado...
Enchi a alma de grande alegria
viajando na fantasia
entregando-te meu amor perfeito...
A manhã passou em disparada
o meio-dia chegou devagar
a tarde passou mais sofrida,
arrastada nas dores da vida.
Entristecida,  pus-me então a chorar...
Senti explodir o coração
Gritei o teu nome sem resposta
na gruta negra da solidão...
Veio a noite misteriosa
escurecendo aquele nosso caminho.
As lágrimas vieram em abundância
tirei a flor, já murcha, dos cabelos,
pendurei no cabide meu vestido vermelho
joguei fora os meus sonhos amarrotados...
Assumi o meu pesadelo sem escolha
olhei-me no espelho da sala
transportei-me para bem longe
para o vale distante da imaginação!
Procurei o teu rosto amado
coloquei-o no meu peito inflamado
e descobri no meu esforço de viver
o grosso calibre que me vazara em emboscada,
deixando-me assim, como um pássaro ferido

atirado ao chão, figura-cartaz de tão triste solidão!

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