HOMENAGEM
A MACHADO DE ASSIS
O BRUXO
Amélia Luz
Se não me engano ao passar pela Rua Cosme Velho
encontrei um bruxo de bigodes na janela
imaginando suas muitas fantasias.
A seu lado Carolina admirava as estrelas
ensaiando seus primeiros versos..
O velho resmungou aos seus ouvidos
algumas palavras de ternura e docemente
abraçaram-se como se quisessem comungar sentimentos.
Falavam de Bentinho e Capitu dialogando tramas
enquanto Dom Casmurro
em enigmático silêncio
tentava compreender aquele famoso triângulo
doloroso (ou amoroso) que criara do nada.
Traição? Seria verdadeira a traição e os olhares cruzados
entre a sedutora mulher e o homem cobiçado?
Drama de estranha nudez na violência da suspeita!
Sentaram-se à mesa, apenas um pão para todos?
Ela buscou no fundo da memória uma oração
que aprendera para espantar pesadas tentações.
Então, passaram-se as máscaras
e de humanos comuns todos se mascararam...
Entre reis, valetes e rainhas saíram pela avenida
misturando-se à plebe de misérias e sofrimentos.
E acabaram por mastigar aquele mesmo
indesejado e amargo pão.
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