RETRATO
Amélia Luz
Na minha rua
Tem um jasmineiro em
flor
Tem ainda de relíquia
Uma preta velha antiga
Com um lenço branco na
cabeça
Que no muro se debruça
Para esparramar
sentimentos...
Sob a florada
cor-de-rosa
Ali, então se deleita,
perfeita
Numa tela digna de
Portinari.
Ao longe em lembranças
contadas,
O som cruel da chibata
Vem ainda
atormentar-lhe,
No seu rosto de
África,
Escravizado nos laços
da cor
E nos gritos de dor
segredados no peito!
O poeta sensível,
fotografa,
Guardando na sua
retina
A beleza estranha
desta cena.
Transeuntes de ferro
passam,
Alheios ao quadro
encantador,
Enquanto emoções se
levantam
Na tinta e no papel se
encontram
Para registrar em
poema
O dia-a-dia flagrado
no tema
Guardado no álbum da
vida comum
Como parte
inesquecível
De mais uma história
qualquer!
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