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Amélia Luz
Pirapetinga/MG
Pirapetinga/MG
Crônica: Ofício de Escrever
Pseudônimo: CAPITU
O velho professor ficou pensativo! O acordo agora era o mandachuva, de nada adiantaria conservar antigas ideias. Fez uma ultrassonografia no Documento Oficial, comprovou os dados para se situar e caiu de paraquedas na ortografia. Pensou, já não lêem, nem crêem. Hoje, modernamente, todos leem e creem na Língua Portuguesa, no voo objetivo rumo ao futuro, obedecendo fielmente o tique-taque da vida.
Da circum-navegação aos nossos dias muita coisa mudou no
“vernaculus” de Camões, com K,W e Y incorporadas ao alfabeto. Vale lembrar que
tudo se modifica e a língua é viva transformando-se ao passar do tempo.
Portugal, de tantos herois, no “Navegar é preciso” deixou-nos esse
país quase continente onde nada poderá deixar de ser respeitado na assembleia
geral das letras.
Para o Brasil para estudar as novas regras. Não adianta
para-choques!!! Temos que estar na vanguarda e apaziguar todo mau entendimento.
Povoo meu texto de novidades ortográficas. A língua tem nova forma que forma o
seu uso atualizado, de Coimbra ao Chuí. Além-fronteiras, no dizer bem humorado
dos lusitanos, bem-vinda seja a reforma. Ziguezagueando estamos todos nós, no
aprendizado diário das normas estabelecidas para as famílias das palavras e
todos os seus agregados.
Regras são para bem escrever, não adianta discutir, dentro de tão
amplo domínio geográfico em que as naus descobridoras chegaram. Precisávamos de
um guia orientador que nos permitisse, mesmo com alguns desacertos iniciais,
chegar às vantagens de um só Português para todos os países lusófonos.
Apostos, nós estamos, cães de guarda da nossa língua, escritores
que somos, nas inconstâncias dessa travessia.
A sala de jantar, as cortinas cor de vinho, um fim de semana
prolongado no salve-se quem puder dos erros ortográficos. Assim, estaremos no
mesmo disse me disse, construindo conscientemente, com dedicação e esforço o
novo escrever, sem ser um maria vai com as outras.
Somos coautores da reforma preestabelecida e coerdeiros da língua
lusa revirando o baú de Camões, de Eça ou de Pessoa, verdadeiro arco-íris
verbal da humanidade, trazido pelos bem-ditosos navegadores portugueses.
Não importa se sou António ou Antônio, se moro na Amazónia ou na
Amazônia, ouvindo o canto do uirapuru da minha terra. Não quero escrever
blasfémia ou blasfêmia lingüística, aqui no trópico. É que, por estranho que
nos pareça somos irmãos de sangue e somos gémeos ou gêmeos em todas as nossas
raízes culturais.
Assinamos então, académicos ou não acadêmicos, rendendo-nos ao
encanto das palavras. Não as sequestramos, nem as prendemos em masmorras...
Espalhamo-nas aos quatro ventos, na força das caravelas
descobridoras.
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