MODELO
Ver-te singela, da arte para a arte,
No aconchego do meu atelier.
Entre luzes, tintas e telas,
Tua nudez, assim tão bela.
Desnudar o teu corpo de Vênus
Na percepção de cada linha,
Entre retas e curvas generosas.
Transportei-a para o quadro
Em mágicas pinceladas.
Embriaguei-me da tua beleza
Musa-senhora, rainha!
Entre horas não percebidas,
Trabalhei artista a tua imagem.
Emoções múltiplas!
Sinto-te presa minha,
Dono da tua ingenuidade
Esbanjando o enigma da mocidade!
Mistura homogênea que és
Da carne-pó em alma pura,
Com olhos de estranha ternura
Em presença ali, tão perto.
Despertado é o desejo de possuí-la!
Entre os limites da arte e da vida
Percebo o silêncio que nos cobre
Ao expor a nudez ameaçadora do teu corpo,
Transformando os meus sentimentos.
Então te toco em miragem,
Misturando loucura e razão
Esmiuçando tuas formas plenas de beleza.
Suplico-te assim o teu perdão,
Arrependido de tal pecado.
Perdoa-me o olhar insano,
E o meu proceder mundano!
Quero ver-te imaculada,
Ajoelhada no altar da Virgem,
Santa mulher, anunciando fé,
Na sublime oração de cada dia!